A crise no INSS se agrava com pedido de CPMI

A crise no INSS se agrava com pedido de CPMI

Abertura da CPMI do INSS

A senadora Damares Alves (Republicanos-DF) e a deputada Coronel Fernanda (PL-MT) protocolaram nesta segunda-feira (12) o pedido de abertura da CPMI do INSS. A abertura da comissão tem, segundo elas, a assinatura de 36 senadores e 223 deputados.

O argumento, em tese, é investigar descontos indevidos sobre o pagamento de aposentadorias. Na prática, visa manter o escândalo na vitrine.

Investigações em curso

O caso já é investigado pela Polícia Federal e pela Controladoria Geral da União. Antes que a bomba explodisse, o ministro Ricardo Lewandowski (Justiça e Segurança Pública) chamou uma entrevista coletiva, em 23 de abril, para explicar a operação da PF e o que se sabia até então. A estratégia era mostrar que o governo Lula acompanhava o caso com atenção e não tinha nada a esconder.

Desde então, a grande promessa é devolver aos pensionistas lesados o que as quadrilhas travestidas de associações embolsaram indevidamente. Ainda falta saber como. Falta também um pronunciamento mais contundente do presidente Lula.

Impactos políticos da crise

Até lá, o estrago já está feito. Carlos Lupi, então ministro da Previdência, caiu. Parte do PDT (Ciro Gomes à frente) vociferou. E deixou ainda mais frágil a base de apoio do governo, que vê atordoado parlamentares de legendas aliadas, como União Brasil, PP e PSD, assinarem o pedido de abertura da comissão para alvejar a gestão petista.

Quem sorri é Hugo Motta (Republicanos-PB) e Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), que ganham mais poder de barganha diante de um governo acuado. Vem aí mais pressão para o Executivo afrouxar o torniquete das emendas hoje sob escrutínio do ex-aliado e hoje ministro do STF Flávio Dino.

A reação da oposição

A conta do apoio só sobe, enquanto a oposição vê o sangue na água e saliva. Nas redes, um vídeo do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), coalhado de desinformação sobre a crise, já supera 100 milhões de visualizações. Sucesso absoluto para quem quer sangue.

As autoras do pedido da CPMI dobram a aposta mesmo sabendo que a crise pode respingar na gestão Jair Bolsonaro (PL). Os desvios começaram em 2019, primeiro ano de mandato do ex-capitão. Três anos depois, ele assinou uma Medida Provisória que descartou a revalidação dos descontos sobre aposentadorias, uma medida que poderia, se não impedir, ao menos dificultar o esquema.

Desafios para o governo atual

Governistas usam esse argumento para dizer que a atual gestão não foi responsável pela crise, mas pelo estancamento dela. Bolsonaristas contra-argumentam. Dizem que os descontos indevidos explodiram em 2023, ano que o petista voltou ao Planalto.

Os aliados de Lula escalados para debelar a crise têm como desafio explicar como chegamos até aqui, o valor real (e não o divulgado por Nikolas) dos desvios, quem são os responsáveis e como os prejudicados serão ressarcidos.

Terão de lidar com tudo isso em meio à gritaria que começa nas redes e, se os chefes do Congresso bancarem, ganhará eco nas sessões da comissão. E mais cortes para Instagram e WhatsApp.

Conclusão

Numa discussão com tantos detalhes técnicos e zonas cinzentas, o circo narrativo está armado. E provoca estragos. A bomba-relógio já explodiu.

*Este texto não reflete necessariamente a opinião do portal iG