Fraude do INSS: advogado denuncia falta de ação policial

Fraude do INSS: advogado denuncia falta de ação policial

CPMI ouve advogado que relata omissão policial em investigação sobre o INSS

A CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) que investiga fraudes contra beneficiários do INSS ouviu, em sessão recente, o advogado Eli Cohen, apontado como peça-chave nas apurações. O depoimento reacende debates sobre a eficiência das investigações policiais e sobre a necessidade de maior proteção aos beneficiários do sistema previdenciário.

O relato inicial de Eli Cohen

No depoimento, Cohen explicou que iniciou a coleta de informações sobre o esquema em dezembro de 2022, a partir da reclamação de dois aposentados que sofreram descontos indevidos e contratos de empréstimo não autorizados. Segundo ele, a tentativa de encaminhar o caso à polícia civil paulista não avançou.

Em suas próprias palavras, Cohen afirmou: "Quando protocolei a notícia-crime, já entreguei tudo pronto, com as informações necessárias. Nesse tipo de situação, a polícia civil do estado de São Paulo praticamente só precisa emitir a intimação, porque a investigação está toda detalhada. Mas passaram-se dois meses sem qualquer andamento, e eu já imaginava que nada aconteceria". Essa declaração reforça a crítica sobre a ausência de ação imediata por parte das autoridades responsáveis pela investigação criminal.

Repercussão na imprensa e ampliação das apurações

Diante da falta de avanços, o advogado decidiu buscar a cobertura da imprensa para dar visibilidade ao caso. "Primeiro, procurei o jornalista Otto, da revista Veja. Ele demonstrou grande interesse no material, como sempre faz com os conteúdos que envio, mas não pôde publicar naquele momento porque o país estava em segundo turno das eleições municipais. Ainda assim, ele chegou a soltar uma nota curta, informando que nas edições seguintes detalharia o funcionamento desse esquema em capítulos". A estratégia de exposição midiática, segundo Cohen, foi determinante para que outros veículos passassem a investigar o assunto.

Posteriormente, a divulgação despertou a atenção de outros profissionais: "Ele me ligou e disse que estava muito interessado no tema, porque já havia tentado apurar algo parecido antes, mas não tinha os recursos e a estrutura que nós dispomos. Perguntou se eu poderia compartilhar o material, e eu prontamente forneci. Graças ao trabalho dele, essa investigação ganhou repercussão e se ampliou, chegando ao ponto em que estamos hoje." Esse encadeamento evidencia o papel da colaboração entre fontes e imprensa na formação de uma agenda investigativa que pode culminar em providências institucionais.

Estrutura do esquema e elementos apresentados

No plenário da CPMI, Cohen apresentou um painel com organogramas que, segundo ele, descrevem o funcionamento do golpe. Entre os elementos apontados estavam núcleos de atuação em diferentes regiões, empresas envolvidas no fluxo financeiro e um núcleo em Brasília com suposto acesso direto ao INSS. O advogado mencionou nomes de companhias que, ainda que reconhecidas no mercado, foram envolvidas no esquema por estarem no fluxo da fraude.

Ao expor a estrutura, Cohen sublinhou a gravidade do caso: "Ali existia a materialidade de um golpe bilionário". Essa afirmação coloca em evidência não apenas o caráter individual das fraudes, mas também uma operação em larga escala com impactos econômicos e sociais significativos.

Consequências para beneficiários e fragilidade dos controles

As práticas relatadas — descontos indevidos, empréstimos não autorizados e uso de empresas para movimentação de valores — representam dano direto aos aposentados e pensionistas. Além do prejuízo financeiro, há desgaste emocional e dificuldades para recuperar valores e direitos. O caso questiona a eficácia dos controles internos do INSS, a capacidade de resposta das polícias estaduais e a articulação entre instituições para preservar os direitos dos beneficiários.

Principais pontos de atenção

  • Vítimas desassistidas: aposentados e pensionistas muitas vezes não conseguem recuperar valores ou sequer identificar a origem dos descontos;
  • Falta de integração: a ausência de comunicação eficiente entre órgãos dificulta a detecção e a paralisação rápida das fraudes;
  • Uso de empresas de fachada: companhias formalmente regulares podem ser usadas para lavar ou movimentar recursos ilícitos;
  • Vulnerabilidade tecnológica: sistemas de concessão e pagamento precisam de maior segurança para evitar acessos indevidos.

Recomendações e caminhos para investigação

Para enfrentar fraudes em benefício do INSS é preciso adotar medidas simultâneas de investigação, prevenção e proteção social. Entre as recomendações apontadas por especialistas e citadas no contexto da CPMI, destacam-se:

  • fortalecer a integração entre INSS, Polícia Federal, polícias civis e Ministério Público para agilizar inquéritos;
  • implementar mecanismos automáticos de checagem de pagamentos e alertas para operações atípicas;
  • exigir maior transparência nas relações entre empresas e operadores financeiros envolvidos em pagamentos de benefícios;
  • ampliar canais de atendimento e suporte jurídico para beneficiários que detectem irregularidades;
  • investir em auditorias independentes e em tecnologias de análise de risco para identificar padrões de fraude.

O papel da CPMI e o que esperar

A CPMI tem a função de mapear responsabilidades, coletar provas e recomendar medidas legislativas e administrativas. O depoimento de Eli Cohen amplia o escopo das apurações e reforça a necessidade de resposta institucional. Caso as hipóteses apresentadas se confirmem, a comissão pode propor mudanças nos procedimentos de controle, na fiscalização das empresas prestadoras de serviços e na responsabilização de agentes públicos e privados envolvidos.

Conclusão e chamada à participação

O caso denunciado à CPMI revela fragilidades que afetam diretamente cidadãos vulneráveis e demanda respostas rápidas e coordenadas. Se você acompanhou o depoimento ou tem informações relevantes sobre fraudes ao INSS, compartilhe sua opinião nos comentários e contribua com relatos que possam ajudar a fortalecer a cobrança por transparência e eficiência nas investigações. Acompanhe nossas atualizações sobre a CPMI e inscreva-se para receber novas reportagens sobre o tema. Sua participação é importante para pressionar por mudanças e proteger os beneficiários do sistema previdenciário.