Amor é um ato descompensado que só dá certo depois
12/11/2025, 08:43:20Entre o caos da entrega e o acerto do tempo, o amor se revela quando a razão se rende
O amor, ao contrário do que romantizam os versos e os filmes, nasce torto. É um ato descompensado, desajustado, um impulso que desorganiza o que antes parecia equilibrado. Amar é perder o prumo, tropeçar nas próprias certezas e se aventurar em território onde o mapa é desenhado com o coração — e não com a lógica.
No início, o amor é fogo desordenado: quer tudo, consome, exige, imagina, sofre. É o momento em que a emoção fala alto demais e a razão, coitada, fica muda no canto da sala. Por isso, ele quase nunca “dá certo” de imediato. É um sentimento que precisa errar para se acertar, exagerar para aprender a medida certa, cair para entender o valor de permanecer de pé.
Só depois — quando o tempo amacia o ímpeto e a paixão ganha contornos de afeto maduro — é que o amor encontra o equilíbrio que antes não tinha. A descompensação vira harmonia, o caos se transforma em cumplicidade, e o que parecia insano passa a ter sentido.
O amor dá certo depois porque, antes, ele é teste de resistência, de paciência e de verdade. É um ato de coragem praticado por quem aceita o risco de se perder um pouco para se encontrar no outro.
E talvez seja justamente isso que o torna tão belo: o amor é descompensado, sim — mas é nessa falta de equilíbrio que ele encontra sua mais perfeita forma de ser.