Qual o maior mal no Brasil? A Lei não aplicada ou a ousadia dos bandidos?

Quando a justiça se cala, o crime fala mais alto.

Qual o maior mal no Brasil? A Lei não aplicada ou a ousadia dos bandidos?

Há uma pergunta que ecoa nas esquinas do país, entre a indignação dos honestos e o deboche dos que vivem à margem da lei: o que é maior no Brasil — a ineficiência da Lei ou a ousadia dos bandidos? Difícil responder, porque uma parece ser o alimento da outra.

A Lei, no papel, é bela, justa, detalhada. Mas, fora das páginas dos códigos, ela se torna um espectro — aparece, mas não age. O criminoso sabe disso. Aprende cedo que a punição é apenas uma promessa distante, uma formalidade que se dissolve entre recursos, brechas e conivências. O medo da punição, que deveria conter o impulso do crime, desaparece. No lugar, nasce a coragem perversa da impunidade.

E assim o Brasil vive um paradoxo cruel: quanto mais leis são criadas, mais elas parecem perder efeito. Enquanto o cidadão comum tropeça na burocracia para provar sua inocência, o criminoso desliza entre tecnicalidades para garantir a própria liberdade. O Estado, que deveria ser o guardião da ordem, torna-se um gigante sonolento, e o bandido — um estrategista audaz, confiante na lentidão do sistema.

Nas cidades grandes, o crime organizado dita regras. No interior, pequenos tiranos locais agem como se fossem donos da lei. E em Brasília, muitas vezes, os próprios legisladores parecem mais preocupados em se proteger do que em proteger o povo. A ousadia dos bandidos não nasce no beco — ela é ensinada nos palácios.

Quando a Lei não se aplica, o crime deixa de ser exceção e vira método. O criminoso, vendo o Estado hesitar, perde o medo e ganha protagonismo. E o cidadão de bem, vendo o Estado calar, perde a fé e ganha revolta.

Portanto, talvez a resposta à pergunta inicial seja esta: o maior no Brasil é o abismo entre a Lei escrita e a Lei vivida. Enquanto esse abismo existir, o crime continuará ousado — e o cidadão, refém de uma justiça que só funciona em teoria.

Porque no Brasil de hoje, não é a ausência da Lei que assusta. É a ausência de quem a faça valer.

Creditos: Professor Raul Rodrigues