Estatueta de 12 mil anos revela acasalamento entre mulher e ganso

Estatueta de 12 mil anos revela acasalamento entre mulher e ganso

Descoberta Arqueológica na Galileia

Uma escultura de argila, datada de cerca de 12 mil anos, foi desenterrada por arqueólogos israelenses em Nahal Ein Gev, na Galileia. Este artefato se tornou a estatueta mais antiga conhecida a retratar uma interação entre humanos e animais em uma cena interpretada como acasalamento. As informações são do The Times of Israel.
O artefato, descrito em um estudo publicado na revista PNAS, teria sido modelado por um jovem caçador-coletor da cultura natufiana que vivia às margens do Mar da Galileia.

Detalhes da Estatueta

A figura representa uma mulher e um ganso em uma pose que os pesquisadores interpretam como uma cena de relação íntima, refletindo as crenças animistas da época. Com aproximadamente 3,7 centímetros de altura, foi encontrada no sítio arqueológico de Nahal Ein Gev II.
Os pesquisadores, liderados pela professora Leora Grosman, da Universidade Hebraica de Jerusalém, conduzem escavações no local desde 2010. O sítio, que se estende por pelo menos 1.000 metros quadrados, é um elo crucial entre os últimos caçadores-coletores do Paleolítico e os primeiros agricultores do Neolítico.

Interpretação e Significado

A figura de argila mostra a mulher identificável pelos traços femininos, como o formato dos seios e da região pubiana. O ganso está posicionado atrás dela, com a cabeça repousando sobre o ombro da mulher e as asas envolvendo-a em uma espécie de abraço.
Para o Dr. Laurent Davin, da Universidade Hebraica de Jerusalém e um dos autores do estudo, a pose das figuras sugere que a estatueta não é uma representação de uma cena de caça ou de um fato presenciado na natureza. Assim, Davin e seus colegas acreditam que a imagem é uma interpretação imaginativa, ligada às crenças animistas presentes em sociedades humanas há milhares de anos.

Contexto Cultural

“Um ganso de verdade não adotaria esse tipo de posição sobre uma mulher, e, portanto, entendemos que essa é uma cena imaginária, e não real”, explica o pesquisador. Ele também observou que a postura e o pescoço do ganso são os de um animal vivo, e não de uma carcaça, já que os caçadores removiam a cabeça e os pés das aves. Assim, a mulher estar inclinada para a frente também não faria sentido para transportar uma ave que pesa apenas dois ou três quilos.

Conexão Simbólica

A ideia de relação íntima entre animais e humanos é comum em sociedades com crenças animistas, que acreditam que animais e objetos possuem espíritos. “Pode acontecer em sonhos eróticos, em visões xamânicas, em narrativas e muito mais”, diz Davin. “Acreditamos que esta imagem representa um ganso macho acasalando com uma fêmea”, enfatizou o pesquisador, considerando como as figuras estão posicionadas.

A Importância da Descoberta

Os gansos eram um alimento básico na dieta da comunidade de Nahal Ein Gev, como comprovam os numerosos ossos encontrados na região. No entanto, eles eram a espécie dominante, e os natufianos também arrancavam as penas, provavelmente para usá-las como ornamento. Isso mostra que havia uma conexão simbólica com os gansos, que se manifesta na estatueta.

Fascínio e Procedência

A estatueta carrega um detalhe fascinante: uma impressão digital deixada na argila quando ainda estava úmida, que provavelmente pertenceu ao fabricante. Ao medir a crista da impressão, os pesquisadores puderam identificar que a pessoa era um jovem adulto ou uma mulher, e não uma criança ou um homem adulto.
Com essa descoberta, o artefato se torna um dos primeiros exemplos de queima de argila para endurecê-la. “Acreditávamos que eles deviam ter usado uma lareira simples, porque a temperatura era um pouco abaixo de 450 graus Celsius”, disse Davin. Os pesquisadores também encontraram vestígios de ocre, um pigmento, na superfície da estatueta, o que provavelmente significa que o artefato foi total ou parcialmente colorido de vermelho.

Conclusão

A estatueta de 12 mil anos não apenas oferece um vislumbre das interações humano-animal no passado, mas também fornece uma reflexão sobre as crenças espirituais que moldaram sociedades antigas. Se você ficou fascinado por essa descoberta, compartilhe suas opiniões e insights nos comentários abaixo!