Futebol influencia hábitos e consumo no Brasil

Futebol influencia hábitos e consumo no Brasil

Futebol no cotidiano brasileiro

A pesquisa da Nexus, encomendada pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), confirma algo que o Brasil sabia intuitivamente, mas agora com números que traduzem a força cultural do esporte: o futebol ainda ocupa um espaço na rotina, preferência midiática e identidade nacional como poucas práticas sociais.

Segundo o levantamento, sete em cada 10 brasileiros (73%) acompanham partidas de futebol e quase metade (47%) assiste ao menos um jogo por semana. O cenário mostra que o esporte não é apenas paixão, mas parte essencial do cotidiano. No total, 58% assistem a uma partida por mês; apenas 2% afirmam não ver nenhum jogo.

Perfil dos torcedores

A regularidade semanal é mais intensa entre homens (64%), jovens de 16 a 24 anos (56%), pessoas com renda acima de cinco salários mínimos (53%) e moradores das regiões Sudeste e Norte/Centro-Oeste (51%). Entre aqueles que não assistem, destacam-se mulheres (36%), nordestinos (34%) e pessoas com mais de 60 anos (30%).

O estudo revela ainda que oito em cada 10 brasileiros (78%) têm um time para chamar de seu, mesmo entre quem não acompanha o esporte com tanta frequência. A identificação com um clube atravessa gerações e perfis – funciona como marcador cultural.

Preferência de times

Entre os torcedores declarados, a distribuição segue a lógica histórica das grandes massas: Flamengo (26%), Corinthians (19%), São Paulo (9%), Palmeiras (7%) e Vasco (5%) lideram o ranking.

Há um viés semelhante ao consumo de jogos: mais homens (87%) do que mulheres (69%) se declaram torcedores, assim como mais jovens (83%) do que idosos (72%).

Consumo de futebol na mídia

A pesquisa da Nexus confirma que o consumo esportivo no Brasil continua altamente concentrado na TV aberta: 61% assistem a jogos pela TV aberta ao menos uma vez por mês, número muito superior ao dos demais formatos. A TV fechada aparece com 38% de alcance mensal, enquanto o streaming — tendência crescente, mas ainda restrita — chega a 27%. Já o rádio, historicamente associado ao futebol, mantém apenas 10% de ouvintes mensais.

Ao todo, 77% dos brasileiros consomem futebol pela mídia em algum formato, e 41% acompanham programas esportivos e mesas redondas. Os dados mostram que o interesse pelo futebol também passa pela análise, pela opinião e pela “resenha”.

Experiência no estádio

Ir ao estádio ainda é uma experiência para uma minoria: 19% dos brasileiros frequentam arenas, enquanto 22% já foram, mas deixaram de ir. A maioria, 59%, nunca assistiu a uma partida ao vivo.

A desistência não se explica apenas por falta de acesso: 41% dizem não ter interesse suficiente; 23% apontam preocupações com segurança; e 12% citam o preço dos ingressos.

Ainda assim, a pesquisa traz um dado curioso: entre idosos, quase metade já esteve no estádio e 32% deixaram de frequentar.

O papel social do futebol

Em análise ao estudo, Samir Xaud, presidente da CBF, afirma que os dados reforçam o papel social do futebol no Brasil. "O esporte segue despertando paixões, emoções, unindo e agregando pessoas. Estamos buscando aperfeiçoar experiências, conquistar o torcedor para que vá a campo vivenciar esse espetáculo, que está na alma do brasileiro".

A pesquisa da Nexus oferece mais do que uma radiografia de consumo: ela ajuda a entender como o futebol segue central na definição de hábitos midiáticos, no modo como os brasileiros se relacionam com o lazer e até na forma como constroem identidade.

Conclusão

Em um país onde quase metade da população organiza a semana para assistir a um jogo, o futebol permanece como um dos principais elementos de coesão cultural — um espaço no qual mídia, comportamento e pertencimento se encontram.