O ATESTADO DA INCOMPETÊNCIA DOS DERROTADOS: A INVEJA

Boi com sede bebe lama.

O ATESTADO DA INCOMPETÊNCIA DOS DERROTADOS: A INVEJA

Há derrotas que revelam mais do que simples desencontros de estratégia, falta de apoio ou conjunturas desfavoráveis. Há derrotas que entregam o caráter. E, entre todas as assinaturas emocionais que alguém pode deixar após perder, nenhuma é tão clara — e tão baixa — quanto a inveja. A inveja é o atestado oficial da incompetência dos derrotados.

O derrotado competente aceita a queda, analisa o cenário, revisa os próprios erros, recolhe-se, reorganiza-se e volta. Já o derrotado incompetente não volta porque não sabe como voltar. Não estuda, não cresce, não evolui. Prefere a zona cinzenta da murmuração – aquela nuvem tóxica de “eu merecia”, “eu faria melhor”, “eu deveria estar ali”.

É nessa névoa venenosa que nasce a inveja travestida de opinião. É o ex-assessor que nunca assumiu nada, mas critica quem assumiu. É o político rejeitado pelas urnas que tenta desqualificar quem venceu. É o ativista de comentário, que nunca fez, mas cobra como se fizesse. A inveja é o abrigo confortável dos que não aguentam encarar o espelho.

Porque a verdade é simples:

quem tem competência disputa; quem não tem reclama.

E reclamar não é oposição. Reclamar não é crítica construtiva. Reclamar é só o barulho ressentido dos que se acostumaram à irrelevância. A inveja transforma derrotados em fiscais do sucesso alheio, como se vigiar a vitória do outro fosse algum tipo de mérito. Não é. É confissão.

Em política, então, a inveja é quase uma instituição. Serve de combustível para narrativas vazias, para ataques disfarçados de moralismo, para críticas travestidas de preocupação com a cidade. Mas por trás desse verniz falso, há apenas o velho sentimento miúdo de quem não suportou ver alguém ocupar o lugar que tentou – e fracassou.

E o fracasso, quando não admitido, vira veneno.

Quando não estudado, vira desculpa.

Quando não superado, vira inveja.

Por isso, a inveja é o atestado da incompetência. Não porque o invejoso deseja o que o outro tem — isso é humano —, mas porque ele jamais se pergunta por que o outro conseguiu e ele não. É a recusa permanente ao aprendizado. É a negação do mérito do outro e, pior ainda, da própria incapacidade.

A inveja é a certidão dos que desistiram de melhorar

Quem vence, segue.

Quem perde e aprende, cresce.

Mas quem perde e inveja… afunda. 

E afunda repetindo o mesmo refrão amargo: “Ele não merece”.
Quando, no fundo, o eco mais honesto seria: “Eu não consegui”.

 

Creditos: Professor Raul Rodrigues