PF critica equiparar facções a terrorismo e alerta riscos
19/11/2025, 11:00:26O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, afirmou, nesta terça-feira (18), durante sessão da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Crime Organizado no Senado, que considerar facções criminosas como organizações terroristas é um "erro técnico" e pode trazer consequências graves para o país. A proposta tem sido defendida por opositores do governo e chegou a aparecer em versões preliminares do PL Antifacção, relatado pelo deputado Guilherme Derrite (PP-SP).
Segundo Rodrigues, terrorismo e crime organizado operam com objetivos, métodos e contextos distintos, o que inviabilizaria qualquer equiparação. "São institutos completamente diferentes, com finalidades e meios que não se confundem", afirmou o chefe da PF aos senadores.
Nos últimos meses, a discussão ganhou força após a megaoperação policial no Rio de Janeiro, em 28 de outubro, que resultou em 121 mortes. Na época, o governador Cláudio Castro (PL) classificou o Comando Vermelho como "narcoterrorista". Outro defensor da ideia é o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), cotado como possível candidato à Presidência em 2026.
O governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), entretanto, sustenta que facções não se enquadram no conceito de terrorismo por não possuírem causa política, além de alertar para possíveis impactos diplomáticos e econômicos caso a classificação avance.
Rodrigues reforçou esse ponto ao destacar que a mudança poderia abrir espaço para interferências externas sob o pretexto de combate ao terrorismo. "Há riscos à soberania e ao ambiente econômico, inclusive para empresas brasileiras, caso essa interpretação equivocada prospere", disse o diretor-geral.
Repúdio: A Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) divulgou nota, na última segunda-feira (10), se manifestando contra o Projeto de Lei Antifacção, diante do parecer preliminar substitutivo apresentado pelo deputado federal Guilherme Derrite (PP-SP). No texto, os delegados declaram profunda preocupação e repúdio em relação ao PL Antifacção, em tramitação na Câmara dos Deputados. "O texto proposto contém dispositivos inaceitáveis e flagrantemente inconstitucionais, que tentam submeter a atuação da Polícia Federal a interferências políticas e burocráticas, exigindo autorizações de autoridades estaduais ou municipais para o exercício de competências exclusivas da União", afirmam os delegados na nota.