Cientistas alertam sobre perigos das armas-cerebrais

Cientistas alertam sobre perigos das armas-cerebrais

Preocupações sobre Armas de Controle Mental


Avanços na neurociência estão levantando preocupações sobre a possibilidade de desenvolvimento de armas de controle mental, segundo o escritor Michael Crowley e o professor Malcolm Dando, que alertam para os riscos associados a essas tecnologias emergentes. Os autores destacam que a mesma pesquisa que ajuda a tratar distúrbios neurológicos pode ser utilizada para manipular funções cognitivas, criando um dilema ético e científico que pode levar a consequências graves. Dando enfatiza a necessidade urgente de regulamentação mais rigorosa para evitar abusos no desenvolvimento de armas químicas e dispositivos de controle neural, alertando que a atual falta de clareza nas leis pode permitir que países explorem essas tecnologias de forma irresponsável.

O Novo Campo de Batalha

Falar em armas de controle mental pode soar como uma história tirada diretamente de um livro de ficção-científica, mas um escritor estadunidense e um cientista britânico (da universidade de Bradford, na Inglaterra) afirmam que elas podem estar se tornando realidade. Em um livro publicado recentemente, Michael Crowley e o professor Malcolm Dando argumentam que recentes avanços científicos na área da neurociência devem ser tratados como um sinal de alerta. De acordo com Dando: "O mesmo conhecimento que nos ajuda a tratar distúrbios podem ser usados para alterar a cognição, induzir consentimento ou, no futuro, até tornar pessoas em verdadeiros zumbis". Os autores argumentam que, com os avanços da neurociência contemporânea, seria possível criar armas de controle mental realmente poderosas. "Estamos entrando em uma era em que o próprio cérebro pode se tornar o novo campo de batalha. As ferramentas para manipular o Sistema Nervoso Central (SNC) - para sedar, confundir ou até coagir - estão se tornando cada vez mais precisas, acessíveis e atrativas para os países que as estudam", disse Dando.

Histórico de Uso e Riscos

Durante os anos 1950 e 60, as grandes potências do mundo buscaram desenvolver armas como essas com o objetivo de criar dispositivos que pudessem incapacitar ou controlar grandes quantidades de pessoas por meio de delírios, alucinações e disfunção cognitiva. No livro de Crowley e Dando, no entanto, eles afirmam que a única vez em que utilizou-se, em combate, arma desse tipo foi em 2002, quando separatistas chechenos fizeram 900 reféns em um teatro de Moscou. As forças de segurança russas, então, usaram um agente derivado do Fentanil - comumente utilizado em processos sedativos - para incapacitar os terroristas. No entanto, o gás matou 120 dos 900 reféns. Além disso, muitos dos sobreviventes sofreram com os efeitos de longo prazo e mortes prematuras devido à exposição ao agente.

Ameaças Futuras

Desde então, o desenvolvimento desse tipo de dispositivo não parou, com os efeitos superando apenas desacordar ou causar alucinações nos afetados. Um dos maiores problemas enfrentados é que a mesma pesquisa científica que está ajudando a tratar distúrbios neurológicos pode ser usada para construir armas focadas em determinadas funções neurais. "É esse o dilema que enfrentamos", afirma Malcom Dando. Por exemplo: cientistas estão investigando os "circuitos de sobrevivência" do cérebro humano, isto é: entender como o medo, o sono e a agressividade funcionam. No entanto, entender esse funcionamento também abre portas para o desenvolvimento de armas que afetem essas mesmas áreas e funções.
O medo de Michael Crowley e Malcom Dando é que, no momento, o desenvolvimento e uso dessas armas se encontra em uma “zona cinzenta” das leis que regem o uso de armas químicas: "Existem perigosos buracos no regulamento dentro e entre diferentes tratados. A não ser que eles sejam destrinchados e fechados, nós tememos que certos países os abusem em programas de desenvolvimento de dispositivos de controle neural e demais agentes incapacitantes", diz Dando, "Nós precisamos agir agora para proteger a integridade da ciência e a santidade da mente humana".