Quando a política ultrapassa os limites da ética fere a família: JHC e os Dantas em campo de batalha
26/11/2025, 17:45:32A ambição pelo poder pode até justificar o fim. Mas nem no pensamento de Maquiavel a família foi agredida.
Há momentos em que a política deixa de ser disputa de ideias, confronto de projetos ou embate de visões de mundo, e passa a ocupar um território perigoso: o da desumanização. Quando isso ocorre, não são apenas mandatos que se colocam em risco, mas relações pessoais, vínculos afetivos e, sobretudo, o respeito que deveria sustentar a convivência democrática. O cenário que envolve JHC e a família Dantas é um exemplo claro de quando a arena política se converte em campo de batalha, e os limites éticos cedem espaço ao ataque indiscriminado.
A política, no seu melhor entendimento, deveria ser a expressão organizada da sociedade em busca de soluções coletivas. Mas, quando a lógica da guerra prevalece, ela se torna um instrumento de destruição moral. Cria-se um ambiente em que cada gesto é suspeito, cada palavra vira munição, e cada movimento é interpretado como provocação. É nesse ambiente que famílias passam a ser atingidas, mesmo quando nada fizeram além de existir. O discurso político deixa de ser institucional e se torna pessoal, abrindo brechas para feridas que não se curam com eleições.
No caso envolvendo JHC e os Dantas, a rivalidade ultrapassa a esfera pública e invade a vida privada. Atinge pais, filhos, irmãos, casamentos. Quando o debate político escorre para dentro das casas, ele deixa de ser legítimo. Passa a configurar abuso, violência simbólica e desrespeito. A disputa pelo poder, que deveria se limitar à gestão pública, acaba respingando em quem não assinou esse contrato de guerra. A sociedade, nesse contexto, não apenas perde bons debates — perde também a capacidade de reconhecer o outro como ser humano.
É urgente recuperar o senso ético no fazer político. Campanhas duras fazem parte do jogo democrático; ataques à dignidade alheia, não. Divergências são naturais; destruição de famílias, jamais. JHC e os Dantas representam lados distintos, projetos distintos, mas ambos deveriam representar também o compromisso com o respeito. A política que ultrapassa os limites da ética enfraquece não apenas os envolvidos, mas o tecido social. E, quando a família se torna alvo, o alerta vermelho precisa ser acionado: algo está profundamente errado na forma como estamos conduzindo o debate público.