Clã Bolsonaro reage a Michelle: o apoio inesperado de Ciro Gomes e o fogo cruzado da direita
04/12/2025, 04:40:00Clã Bolsonaro foi da baixaria à “paz na terra pelos interesses primários”
A política brasileira, sempre afeita a reviravoltas dramáticas, ganhou mais um capítulo digno de roteiro: o apoio público de Ciro Gomes a Michelle Bolsonaro. Um gesto improvável, vindo de um dos maiores críticos do bolsonarismo, que acendeu luz vermelha dentro do próprio clã Bolsonaro. O que parecia impossível se tornou realidade — e ninguém na direita tradicional gostou.
O gesto de Ciro não foi apenas um movimento retórico. Foi estratégico. Ele percebeu que Michelle, desgastada pelo cerco jurídico que avança sobre o ex-presidente e pelas fissuras internas no PL, tornou-se o centro simbólico de uma disputa pela hegemonia da direita. Em outras palavras: apoiar Michelle significa entrar pelo flanco de um campo político que se fragmenta, e que pode se tornar espaço de novos arranjos, inclusive para um antigo adversário. Em política vale tudo.
Dentro do clã Bolsonaro, porém, a reação foi imediata e defensiva. Quem acompanha a família sabe: Bolsonaro não abre mão do controle da narrativa, e muito menos tolera movimentos que ameacem sua autoridade informal. Michelle, até então figura pacificadora e símbolo mobilizador, foi alçada à linha de frente — e isso incomodou. Pior ainda: incomodou não por causa dela, mas por causa de quem a abraçou politicamente.
Eduardo, Flávio e Carlos, cada qual a seu modo, fizeram chegar à imprensa e às redes sociais recados cifrados — ora ironias, ora ataques indiretos — com o objetivo de minimizar qualquer aproximação entre Michelle e Ciro. Afinal, o bolsonarismo não admite pontes com quem, por anos, sustentou críticas ferozes contra o capitão. O apoio de Ciro soou, para eles, como uma provocação e uma tentativa de explorar as rachaduras internas do movimento.
Ao “apoiar” Michelle, mulher do ladrão – “tudo ladrão” Ciro fez o que muitos políticos habilidosos fazem: identificou fragilidades, enxergou oportunidades e lançou uma isca. A reação nervosa do clã Bolsonaro mostrou que a isca funcionou. O campo da direita, antes aparentemente monolítico, hoje está submetido a divisões intensas — disputas por espaço, protagonismo e, sobretudo, futuro.