Políticos e trabalhadores: quem de nós pode ser vós?
04/12/2025, 04:28:57Deputados federais foragidos do país, sem grabalhar umminuto sequer por quase um ano sem perderem os mandatos e recebedno seus altos salários. Já o do povo falte um dia???
Em tempos de crise de representatividade, a pergunta que ecoa pelas ruas, nos ônibus, nas portas das fábricas e nos corredores das repartições públicas é simples, mas profundamente incômoda: políticos e trabalhadores — quem de nós pode ser vós? A interrogação revela o abismo simbólico que se abriu entre quem governa e quem sustenta o país com o suor diário.
O Brasil vive um paradoxo histórico. A Constituição garante que todo poder emana do povo, mas o cotidiano mostra que o povo raramente é

reconhecido como fonte real desse poder. Os políticos, ao alcançarem o topo da escada institucional, parecem esquecer a altura de onde vieram — quando vieram. E os trabalhadores, empurrados para a base dessa mesma escada, assistem a decisões tomadas em gabinetes climatizados que nada dialogam com as necessidades do chão quente da vida real.
A pergunta “quem de nós pode ser vós?” traz duas leituras. A primeira: quem, entre os trabalhadores comuns, consegue ocupar os espaços de decisão? A segunda, ainda mais contundente: quais políticos conseguem olhar para o povo e se ver nele? Políticos não perdem seus cargos mesmo estando ausentes meses ou até anos.
No Brasil, a política se transformou numa casta, um extrato separado, com linguagem própria, interesses próprios e um projeto de sobrevivência própria. É um grupo que, em vez de ser transitório como a democracia exige, se tornou permanente como se fora hereditário. Nesse cenário, o trabalhador é apenas voto e estatística — raramente sujeito político. Somente nas eleições.
Mas a verdade é que nós só podemos ser “vós” quando a política deixar de ser o clube fechado das famílias influentes, dos financiadores de campanha e dos acordos subterrâneos. E vós — os políticos — só poderão ser “nós” quando abandonarem a vaidade palaciana e retomarem a simplicidade de servir, e não de se servir.
A democracia saudável exige espelhos, não muralhas. Exige identificação, não estranhamento. Exige pontes, não fossos.
Assim, a pergunta permanece — provocadora, urgente, necessária:
Políticos e trabalhadores: quem de nós pode ser vós?
A resposta depende de quando deixaremos de nos enxergar como lados opostos e passaremos a nos reconhecer como partes de um mesmo Brasil, que só se erguerá quando “nós” e “vós” forem finalmente a mesma cois