Irmã de mulher morta no CEFET discursa em ato contra feminicídio

Irmã de mulher morta no CEFET discursa em ato contra feminicídio

Protesto em Copacabana

Um ato público em memória de vítimas de feminicídio tomou a orla de Copacabana, na Zona Sul do Rio de Janeiro, neste domingo (7), reunindo familiares, sobreviventes de tentativas de feminicídio e movimentos de defesa dos direitos das mulheres. O protesto fechou a Avenida Atlântica na altura do Posto 5, após acordo com a Polícia Militar, com desvio do trânsito para a Rua Barata Ribeiro e a Rua Ria Sá Ferreira.

A manifestação começou ocupando as calçadas das duas margens da avenida, enquanto o fluxo de veículos seguia pelo Centro da via. Com o aumento do público, a situação passou a oferecer risco aos participantes, algumas pessoas chegaram a ficar próximas da pista, quase sendo atingidas por carros. Diante disso, o carro de som convocou os presentes a ocupar a rua. Pouco depois, a polícia chegou ao local e negociou a interdição parcial da via para garantir a segurança do ato.

Discursos emocionantes

A programação incluiu a abertura com bateria, uma banda e palavras de ordem, antes do momento mais emocionado do encontro: os depoimentos de mulheres que sobreviveram à violência, familiares de vítimas e representantes de coletivos feministas. Um dos discursos mais fortes foi o de Alline de Souza Pedrotti, irmã de Alane, vítima de feminicídio dentro do Cefet Maracanã. Ao seu lado estava o irmão de Laíze, assassinada no mesmo dia, no mesmo local e pelo mesmo autor, que preferiu não discursar.

Visivelmente emocionada, Alline destacou a necessidade de união e responsabilização das instituições. "Estarmos unidos aqui nesse momento é o que vai gerar as mudanças necessárias. Eu sou irmã da Alane, vítima de feminicídio dentro do Cefet Maracanã. Aqui ao meu lado está o irmão da Laíze, vítima do mesmo crime no mesmo dia, no mesmo local."

Ela afirmou que o crime destruiu famílias inteiras e cobrou resposta direta do governo federal e das autoridades. "Esse crime devastou as nossas vidas e as nossas famílias. Eu venho aqui agora perguntar onde estão os ministérios da Mulher e da Educação. Luiz Inácio Lula da Silva, o Lula, eu votei em você."

No discurso, Alline exigiu a criação de novas políticas públicas e mudanças na legislação para prevenir a violência contra a mulher. "Eu exijo a criação de medidas e legislação para que nenhuma de nós caia ao solo vítima de feminicídio." Ela também acusou a direção do Cefet Maracanã de omissão. "A diretoria do Sepete Maracanã está sendo omissa, como foi ao permitir que a minha irmã e a Laíze fossem assassinadas pelas mãos de um funcionário do próprio Sepete."

Ao final, conclamou união em defesa da vida de todas as mulheres. "Conto aqui com a união de todas, todos e todes vocês, para não deixar essa luta passar. É pela vida de todas as mulheres: mulheres cis e mulheres trans." O ato segue reunindo manifestantes na Avenida Atlântica, com a via fechada no trecho do Posto 5 e o trânsito desviado pela Rua Ria Sá Ferreira, enquanto os depoimentos continuam sendo feitos no carro de som.

Nota do Cefet/RJ

Em nota, o Cefet/RJ afirmou estar consternado com a tragédia ocorrida em 28 de novembro na Unidade Maracanã, que resultou na morte de Allane de Souza Pedrotti Matos e Layse Costa Pinheiro, servidoras da instituição. A direção ressaltou que a escola é centenária, referência nacional na formação técnica e acadêmica, e que sempre atua seguindo protocolos legais para garantir um ambiente de trabalho seguro, com medidas de mediação e resolução de conflitos entre servidores e também junto à comunidade discente.

Sobre o caso específico, o Cefet declarou ter adotado todas as medidas administrativas possíveis dentro dos limites da legislação em relação ao servidor acusado, incluindo afastamento cautelar por 120 dias, período durante o qual ele esteve impedido de acessar a unidade, além da solicitação de perícia médica oficial externa, que o considerou apto ao retorno ao trabalho após o fim da medida. A instituição informou ainda que buscou realocá-lo em outros setores, propostas recusadas pelo próprio funcionário, e que posteriormente promoveu sua remoção para outra coordenação em abril de 2025.

O Cefet acrescentou que mantém sistemas de controle de acesso por biometria facial e câmeras de monitoramento, informou que irá reforçar ações de combate a assédio e violências, e destacou que colabora integralmente com a Justiça, colocando-se à disposição das autoridades.