Justiça cassa mandatos de prefeito e vice de São José da Tapera. Piaçabuçu, nada!

Com prática de crimes bem semelhantes, abuso de poder político e econômico, além de demissões injustificáveis, po que tanta demora para julgar Piaçabuçu?

Justiça cassa mandatos de prefeito e vice de São José da Tapera. Piaçabuçu, nada!

A Justiça Eleitoral deu um recado claro em São José da Tapera: mandato não é salvo-conduto para abusos, irregularidades ou atropelos à lei. A cassação dos diplomas do prefeito e do vice representa, ao menos naquele município, a reafirmação de que o voto popular não legitima práticas ilegais. Quando há provas, o Judiciário age — ainda que tarde, ainda que sob pressão.

Mas basta atravessar o mapa político de Alagoas para que a pergunta salte aos olhos: e Piaçabuçu? Nada. Absolutamente nada.

Enquanto em São José da Tapera a Justiça cumpriu seu papel constitucional, em Piaçabuçu reina um silêncio que incomoda. Denúncias públicas, questionamentos recorrentes, indícios levantados em debates e matérias jornalísticas — tudo parece esbarrar numa muralha invisível. A lei que anda para uns, para outros simplesmente estaciona.

Essa disparidade não pode ser tratada como coincidência. O eleitor não é ingênuo. Ele percebe quando a régua da Justiça muda conforme o endereço, o sobrenome ou o grupo político. Percebe quando há rigor exemplar em um município e complacência constrangedora em outro. E isso corrói a confiança nas instituições, mina a democracia e alimenta a sensação de que há cidadãos e gestores acima da lei.

Não se trata de desejar cassações em série, nem de fazer pré-julgamentos. Trata-se de exigir isonomia. Se há elementos suficientes para cassar em São José da Tapera, por que Piaçabuçu segue intocável? Se a Justiça age onde há provas, por que em alguns casos as provas parecem nunca ser suficientes?

A democracia não sobrevive de decisões seletivas. Ou a lei vale para todos, ou deixa de ser lei para virar conveniência. A cassação em São José da Tapera foi um passo correto. O problema é o contraste gritante com o “nada acontece” de Piaçabuçu.

E enquanto esse “nada” persistir, a sensação será uma só: não falta Justiça em Alagoas — falta coragem para aplicá-la igualmente.

Creditos: Professor Raul Rodrigues