CEO pede desculpas pela falha no foguete comercial do Brasil

CEO pede desculpas pela falha no foguete comercial do Brasil

CEO pede desculpas pela falha no foguete comercial do Brasil

O CEO da Innospace, empresa sul-coreana responsável pelo primeiro lançamento comercial de foguete da história do Brasil, veio a público nesta terça-feira pedir desculpas aos acionistas após a missão não alcançar o resultado esperado. Em carta divulgada pela companhia, Kim Soo-jong classificou como “profundo” o pedido de desculpas e informou que será conduzida uma apuração “minuciosa” para esclarecer as causas da falha que levou à explosão do veículo.
Segundo o executivo, o foguete HANBIT-Nano decolou normalmente da base de Alcântara, no Maranhão, e iniciou a manobra prevista para inserção em órbita. O motor do primeiro estágio funcionou dentro do esperado, mas um problema técnico foi identificado pouco depois da decolagem.
"No entanto, aproximadamente 30 segundos após o lançamento, uma anomalia foi detectada na aeronave. Seguindo os protocolos de segurança, foi tomada a medida de queda do veículo dentro da zona de segurança terrestre. Consequentemente, a missão foi encerrada e houve a ocorrência de chamas devido ao impacto com o solo após a queda", afirmou Soo-jong na carta.
A missão tinha como objetivo posicionar cinco satélites de clientes e três cargas úteis experimentais em órbita terrestre baixa, a cerca de 300 quilômetros de altitude. Com a falha, a inserção orbital não foi concluída. Ainda assim, o CEO destacou que “os sistemas de segurança funcionaram conforme o projetado, e não houve vítimas nem danos adicionais aos arredores”.

Investigação e próximos passos


De acordo com Soo-jong, a Innospace já trabalha em conjunto com autoridades brasileiras para investigar detalhadamente o ocorrido. Ele ressaltou que, apesar do desfecho negativo, o voo gerou informações relevantes para o aprimoramento do projeto.
"Embora este voo não tenha alcançado o resultado esperado, obtivemos uma grande quantidade de dados valiosos (...) Esses dados serão amplamente utilizados para melhorias técnicas, aumento da confiabilidade e aperfeiçoamento do design, servindo como base essencial para os próximos lançamentos", afirmou.
O executivo também agradeceu o apoio recebido e pediu a continuidade da confiança dos acionistas no projeto.
"Do ponto de vista da empresa, lamentamos profundamente e nos desculpamos por não termos alcançado o resultado esperado nesta primeira lançamento comercial, apesar de diversas variáveis. O desenvolvimento e operação de veículos de lançamento envolvem inúmeras tecnologias de alta complexidade operando simultaneamente, e com base nessa experiência, realizaremos uma análise minuciosa das causas", declarou. "Pedimos que continuem nos acompanhando e apoiando".

Falha após a decolagem


O lançamento ocorreu na segunda-feira (22), às 22h13, no Centro de Lançamentos de Alcântara. Segundos após a decolagem, a transmissão ao vivo no YouTube foi interrompida pela empresa, que exibiu a mensagem: "We experienced an anomaly during the flight"(Estamos experenciando uma anomalia durante o voo).
Em nota oficial, a Força Aérea Brasileira (FAB) confirmou que o foguete apresentou uma “anomalia” que resultou na colisão com o solo. Segundo a FAB, equipes técnicas e do Corpo de Bombeiros foram enviadas ao local para análise dos destroços.
"Todas as ações sob responsabilidade da FAB para coordenação da operação, que envolvem segurança, rastreio e coleta de dados foram cumpridas exatamente conforme planejado, garantindo um lançamento controlado e dentro dos parâmetros internacionais do setor espacial", informou a Aeronáutica. A FAB acrescentou que as equipes da Innospace seguem atuando na apuração das causas em conjunto com os órgãos brasileiros envolvidos.

Primeiro lançamento comercial


A Operação Spaceward marcou o primeiro lançamento comercial do Brasil, um setor hoje dominado por Estados Unidos, Europa e China. A missão envolveu cerca de 400 profissionais, sendo 300 militares. O foguete não era tripulado.
Inicialmente previsto para novembro, o lançamento foi adiado cinco vezes. A janela final de lançamento se encerrava nesta segunda-feira, segundo a FAB.
O HANBIT-Nano levava oito dispositivos experimentais, sete brasileiros e um indiano. Entre eles, dois nanossatélites desenvolvidos pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), voltados ao estudo de sistemas de comunicação de baixo consumo energético aplicados à Internet das Coisas. Também estavam a bordo um satélite educacional com tecnologias em teste, como placas solares e instrumentos de navegação, além de mensagens de estudantes da rede pública e de comunidades quilombolas.

Cooperação público-privada


A operação em Alcântara envolve uma parceria entre o setor público e a iniciativa privada. A base é administrada pela FAB, responsável por sistemas de segurança, rastreamento e controle. À Innospace coube o transporte do foguete desmontado ao Brasil, a montagem e os sistemas de verificação. A Agência Espacial Brasileira (AEB) atuou como órgão regulador, responsável pelo licenciamento e fiscalização do lançamento.