EUA liberam documentos do caso Epstein com citações importantes
24/12/2025, 12:05:42O Departamento de Justiça dos Estados Unidos divulgou na terça-feira (23) o maior lote de documentos relacionados a Jeffrey Epstein, reunindo cerca de 30 mil páginas, incluindo registros que mencionam o presidente Donald Trump e 10 cúmplices, antes não citados. As informações são da NBC News.
Em comunicado publicado nas redes sociais, o Departamento de Justiça reconheceu que há diversas referências a Trump nos arquivos liberados, mas afirmou que algumas delas incluem "alegações falsas e sensacionalistas" enviadas ao FBI pouco antes da eleição de 2020.
Segundo a nota da autoridade estadunidense, as acusações não teriam sido usadas anteriormente por falta de credibilidade.
"O Departamento de Justiça divulgou oficialmente quase 30.000 páginas adicionais de documentos relacionados a Jeffrey Epstein. Alguns desses documentos contêm alegações falsas e sensacionalistas contra o presidente Trump, que foram submetidas ao FBI pouco antes da eleição de 2020", diz o texto.
"Para que fique claro: as alegações são infundadas e falsas, e se tivessem um mínimo de credibilidade, certamente já teriam sido usadas como arma contra o presidente Trump", finaliza o departamento.
O órgão afirmou ainda que os documentos estão sendo divulgados "com as proteções legalmente exigidas para as vítimas de Epstein". Confira alguns dos pontos abordados nos documentos:
E-mail cita voos de Trump em jato de Epstein
Entre os registros tornados públicos está um e-mail enviado em janeiro de 2020 por um procurador federal de Nova York a uma pessoa não identificada, no qual são citados registros de voo que indicariam que Trump teria viajado no jato particular de Epstein ao menos oito vezes entre 1993 e 1996, segundo a NBC News.
"Para seu conhecimento da situação, gostaria de informar que os registros de voo que recebemos ontem mostram que Donald Trump viajou no jato particular de Epstein muito mais vezes do que havia sido relatado anteriormente", afirma o e-mail, que menciona viagens ocorridas no período em que os investigadores esperavam apresentar acusações no caso de Ghislaine Maxwell.
Segundo a mensagem, Trump aparece como passageiro em voos nos quais também estariam Maxwell, sua então esposa Marla Maples e seus filhos Tiffany e Eric.
Em um dos registros de 1993, apenas Trump e Epstein aparecem listados como passageiros. Em outro, o documento cita Epstein, Trump e uma mulher identificada apenas pela idade, então com 20 anos. O e-mail afirma ainda que, em dois voos, havia mulheres que "poderiam ser testemunhas" no caso Maxwell.
Os nomes do remetente e do destinatário foram omitidos, e o próprio documento não acusa Trump de qualquer irregularidade.
Maxwell é única cúmplice condenada
Ghislaine Maxwell, apontada como cúmplice de Epstein, foi indiciada em julho de 2020 por acusações federais de tráfico sexual, considerada culpada em dezembro de 2021 e condenada a 20 anos de prisão. Até o momento, ela é a única pessoa responsabilizada criminalmente como cúmplice do financista.
Outro documento divulgado mostra procuradores federais discutindo, em troca de e-mails, a existência de "10 cúmplices" de Epstein, segundo apuração da NBC News.
As identidades não são reveladas, e uma das pessoas é descrita apenas como um "empresário rico de Ohio". O Departamento de Justiça afirmou em memorando divulgado em julho que não encontrou provas suficientes para apresentar acusações contra outras pessoas.
Carta atribuída a Epstein é considerada falsa
O lote também incluiu um bilhete assinado como "J. Epstein" e endereçado a Larry Nassar, ex-médico esportivo condenado por abusos sexuais, que cumpre pena entre 40 e 175 anos de prisão. A carta continha frases como: "Compartilhávamos uma coisa… nosso amor e carinho por jovens mulheres". O envelope trazia carimbo postal de 13 de agosto de 2019, três dias após a morte de Epstein em uma cela enquanto aguardava julgamento por tráfico sexual. Investigadores afirmam que ele cometeu suicídio.
Inicialmente, o Departamento de Justiça informou que investigaria a autenticidade da carta, destacando que o carimbo era da Virgínia, e não de Nova York, onde Epstein estava preso, além de não conter o número de detento obrigatório.
Menos de duas horas depois, o órgão afirmou que o FBI confirmou que a carta era falsa, apontando, entre outros fatores, que "a caligrafia não parecia corresponder à de Jeffrey Epstein".
"Esta carta falsa serve como um lembrete de que o simples fato de um documento ser divulgado pelo Departamento de Justiça não torna as alegações ou afirmações contidas no documento verdadeiras", afirmou o órgão.
Os arquivos incluem denúncias anônimas e não verificadas enviadas ao FBI, entre elas um relato recebido em 27 de outubro de 2020, no qual um informante afirma ter conversado com uma mulher que alegou ter sido estuprada por Trump e Epstein na década de 1990. Não é claro se a denúncia foi investigada.
Trump negou qualquer irregularidade e afirmou ter rompido relações com Epstein no início dos anos 2000, chamando-o de "nojento".
Falhas na censura dos arquivos
Alguns arquivos divulgados pelo Departamento de Justiça sobre Jeffrey Epstein não foram completamente editados, e partes censuradas podem ser recuperadas copiando e colando o texto oculto, segundo noticiou o The New York Times.
Essas falhas não trouxeram novas informações sobre os laços entre Trump e Epstein, mas mostraram como Epstein cometia abusos e ocultava dinheiro em estruturas financeiras e corporativas.
Um exemplo ocorreu em um processo civil nas Ilhas Virgens em 2021, em que um dos executores do espólio, Darren K. Indyke, assinou um cheque da fundação de Epstein para um advogado de imigração "envolvido em um ou mais casamentos forçados arranjados entre as vítimas de Epstein".
A divulgação ocorre após a aprovação, no mês passado, de uma lei sancionada por Trump em 19 de novembro, que concedeu 30 dias à procuradora-geral Pam Bondi para tornar públicos, em formato pesquisável e para download, todos os registros não classificados em posse do Departamento de Justiça relacionados a Epstein. A legislação prevê exceções e redações para proteger a identidade das vítimas.
Uma análise da NBC News confirmou que cerca de 30 mil páginas de arquivos foram divulgados neste lote. Segundo a emissora, antes da primeira liberação, o vice-procurador-geral Todd Blanche havia afirmado que "centenas de milhares" de documentos seriam tornados públicos, mas menos de 10 mil haviam sido divulgados inicialmente.
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