O adeus a Brigitte Bardot, Sex Symbol do século XX
29/12/2025, 15:54:35Tormei-me um cinefilo pela oportunidade em assistir aos filmes no Cine Penedo durante as preparações dos filmes às tardes, ou durante as apresentações nas noites de estreias ou não. Zé do Cine me deixou essa marca. Divulgou Búzios para o mundo em visita ao Brasil.
Para quem não alcançou nada, resta escrever. Para quem teve a oportunidade de assistir aos filmes ainda sendo preparados para as apresentações noturnas no Cine São Francisco ou no Cine Penedo — sendo este último onde assisti ainda criança, andando de velocípede pelos corredores daquele cinema, enquanto Dadá — Zé do Cine — fazia os cortes determinados pela censura — a memória permanece viva.
Brigitte Bardot surgiu em seus primeiros filmes em preto e branco, inclusive em sua primeira aparição completamente nua. Nada, contudo, que permitisse identificar suas partes íntimas, encobertas pela presença total dos pelos pubianos. O que se via era apenas a sugestão, a sombra, a escuridão. No imaginário masculino, porém, incontáveis viagens certamente foram feitas.
Sex symbol da segunda metade do século XX, Brigitte Bardot marcou época por sua atuação totalmente desinibida e ousada, sem qualquer conotação de pornografia. Ao contrário, sua presença em cena abriu espaço amplo, total e irrestrito para as grandes discussões sobre o comportamento libertário da mulher nas décadas de 1950 e 1960, em um mundo ainda absolutamente machista.
Bardot levou às telas a nudez feminina sem macular a beleza da mulher, tampouco agredir o comportamento moral ao reduzi-la à figura estereotipada da prostituta. Era a arte pura desbravando a liberdade feminina ao contrariar as regras do matrimônio — o casamento tradicionalíssimo —, defendendo separações ainda no tempo do desquite no Brasil, ou mesmo a união entre mulheres como forma legítima de relacionamento. Brigitte Bardot foi, sem nenhuma dúvida, uma desbravadora.
Percorrendo o mundo pelas telas dos cinemas, conquistou fama e destaque por uma combinação rara para a época: beleza estonteante, personalidade fortíssima, independência latente e plena consciência de sua importância no enfrentamento ao machismo que imperava no mundo inteiro.
Intérprete precisa de gestos e cenas, Bardot exalava luxo sem humilhar os demais. Soube, como poucas mulheres, separar sua origem de classe média alta dos prazeres e desafios de trabalhar arduamente para conquistar seu espaço na disputada sétima arte, obedecendo ao rigor de quem sabia interpretar, agradar e se tornar ícone sempre no papel principal.
Com uma carreira relativamente curta — cerca de vinte anos sob os holofotes do cinema — deixou de ser atriz para dedicar-se à nobre causa da defesa dos animais, muitos deles mortos para que suas peles servissem como objetos de consumo do glamour, vendidos a preços exorbitantes.
Manteve sua vida particular — ou íntima, como queiram — resguardada, distante dos escândalos comuns a quem protagonizou tantos filmes com a nudez como elemento central. Seu foco sempre esteve direcionado às mensagens profundas sobre o rompimento das estruturas dominadoras masculinas, apontando para um futuro de liberdade e autonomia para as mulheres.
Assista ao documentário sobre a vida da atriz:
Assista a cenas picantes do filme que consagrou a atriz para o mundo do cinema nos anos 1950.
Assista a filme completo estrelando Bigitte Bardot


